27 de outubro de 2008

E claro que havia uma razão para eu ter falado neste piloto. Não fosse ele o meu ídolo de sempre (sim, porque ainda só tenho 28 anos e não vejo as corridas de motos assiiiiim há tanto tempo). E apesar de neste momento torcer pelo francês Randy de Puniet (tudo bem, não é o melhor piloto de todos os tempos, mas tem de certeza o melhor peito de todos os tempos ;)), o meu ídolo era o espanhol Sete Gibernau. Ou melhor, é o espanhol Sete Gibernau, já que voltou…

A 15 de Dezembro de 1972 nascia, em Barcelona, Manuel Sete Gibernau Bultó. A sua vida esteve sempre ligada ao mundo do motor, já que é neto do mítico Paco Bultó, fundador da marca de motos Bultaco. Além disso, o seu avô foi campeão de Espanha na década de 30, os seus tios também conseguiram vários títulos, assim como o seu irmão Borja e os seus primos Lucas e Daniel Oliver. Desde pequeno, e devido a estes antecedentes familiares, Gibernau sente uma grande devoção pelo mundo das duas rodas. O seu avô construía-lhe motos à sua medida, e segundo conta a família começa a andar de moto quase ao mesmo tempo que aprende a andar.
Antes de tentar a sorte na velocidade, o catalão participa em corridas de motocross e com apenas doze anos debuta numa competição com uma moto de trial. Os primeiros passos de Gibernau nos circuitos de velocidade foram na “Gilera Cup” de 125 c.c., em 1990, onde conseguiu terminar na terceira posição e um ano mais tarde, conseguiu o título de Campeão de Espanha Júnior no Critério de 125, conseguindo antes o título de Campeão da Catalunha na mesma cilindrada.
Em 1993, com a chegada de Kenny Roberts a Espanha e com a criação do “Open Ducados”, Sete assinou pela Yamaha onde conseguiu várias vitórias e desenvolveu uma boa relação com o patrão da equipa norte-americana. Depois de disputar vários campeonatos de Espanha e da Europa, em 1996, a sua carreira deu um salto e começa a competir no Campeonato do Mundo aos comandos de uma Yamaha-Rainey depois do abandono de Tetsuya Harada. Pela mão do ex-campeão do Mundo Wayne Rainey em 1997, Sete entrou a competir na cilindrada máxima, 500 centímetros cúbicos, onde depois de uma intensa temporada acabou em décimo terceiro na classificação final do campeonato.
Em 1999, Sete subiu para a “V4” de Mick Doohan depois de que este ter sofrido um aparatoso acidente que fez com que ficasse fora da competição. Nesta ocasião o seu rendimento acaba por superar todas as expectativas, conquista quatro pódios e finalmente termina na quinta posição do Mundial. Esta classificação valeu a sua continuidade na equipa Honda Repsol junto a Alex Crivillé e Tadayuki Okada.
Seria em 2001 na equipa Suzuki que Gibernau consegue o seu primeiro triunfo no Campeonato do Mundo. Depois de outra temporada nesta equipa, Sete vai parar, em 2003, às fileiras da equipa de Fausto Gresini pilotando novamente uma Honda. Os seus inícios nesta edição não foram fáceis já que as primeiras provas estiveram marcadas pelo desaparecimento do seu companheiro de equipa Daijiro Kato; contudo, Sete não se deixa abater, e depois de uma fantástica carreira consegue ganhar no Circuito de Welkom e dedica esta vitória ao seu companheiro falecido. Seria o começo de um emotivo ano cheio de êxitos já que consegue um total de dez pódios e quatro vitórias e finalmente se proclama Sub-campeão do Mundo de MotoGP, conseguindo o recorde de pontos em toda a história do mundial. O ano de 2004, Gibernau encara-o com outra perspectiva depois de ser Sub-campeão, e nesse ano é um dos favoritos ao título; Xxxxxxxxx Xxxxx é o único que lhe faz má cara (o que assim de repente não me parece que seja difícil) em cada prova do campeonato, arrebatando a primeira posição ao piloto da Honda. Em 2005, o piloto da Honda começou o Mundial a sofrer nas primeiras corridas. No Grande Prémio de Jerez teve um pequeno encontrão com Xxxxxxxxx Xxxxx que fez com que tivesse que recuperar de uma lesão num ombro; no Estoril sofreu uma queda sem consequências e em Xangai ficou em quarto lugar. Contudo, duas semanas depois, no Grande Prémio de França, em Le Mans, voltou ao pódio ao terminar em segundo na corrida. Gibernau não teve uma forte temporada, terminando o campeonato em 8.º lugar na geral.
Na época de 2006, Gibernau substituiu Carlos Checa na equipa Ducati, fazendo grandes tempos nos testes de pré-temporada. Toda a época de 2006 foi marcada por quedas e algumas lesões, a mais grave de todas foi na Catalunha num acidente descrito pelos próprios comentadores como “aterrorizador”. Um acidente que atirou com 6 pilotos para fora de pista, 3 deles foram levados para o hospital e 5 motos ficaram desfeitas. A própria ambulância onde Sete seguia acabou por ter um acidente ao chocar com um autocarro a 50 metros do hospital. O resultado do acidente em pista foram uma contusão, um osso da mão partido e voltou a partir o osso do pescoço que já tinha lesionado num acidente anterior necessitando de remover e substituir a placa de metal.
Estas lesões vieram no pior momento já que a Catalunha era a primeira de 5 corridas em 6 semanas. Gibernau falhou as duas corridas seguintes em Assen e em Donnington Park. Apesar de se sentir em baixo de forma ainda correu na Alemanha e nos E.U.A. Mas não faltou muito para ter de voltar ao hospital com a placa de titânio que tinha no pescoço gasta, causando-lhe assim alguns problemas. Acabou por falhar a corrida de Brno, na República Checa. Na penúltima prova da temporada Gibernau corria em 5.º lugar quando Casey Stoner sofre um acidente mesmo à sua frente e acaba por o arrastar com ele. O piloto catalão sofreu uma lesão no quinto metacarpo da mão e mais uma vez partiu a placa de titânio.
No final de 2006 a Ducati anuncia que Casey Stoner iria substituir Gibernau na época de 2007 junto de Loris Capirossi. A Kawasaki ofereceu-lhe um lugar, mas Gibernau decidiu retirar-se da competição, dizendo numa conferência de imprensa a 8 de Novembro de 2006: “Se eu tivesse aceite as ofertas que me foram feitas para continuar, estaria a aceitar por aceitar pois não me fariam feliz, principalmente se fosse apenas por dinheiro.”
Sete Gibernau, além de ser um intrépido piloto de motos, gosta também de desportos de risco como a queda-livre e o esqui aquático. Mas, ainda que o melhor desportista da história para ele não tenha uma relação com a velocidade, como é o caso de Michael Jordan, o seu herói e a quem quer parecer-se é sem dúvida o seu avô Don Paco Bultó.




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